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domingo, 27 de fevereiro de 2011
FBI TREINA POLÍCIA MILITAR NO RIO DE JANEIRO PARA PREVENIR MORTES DE POLICIAIS
Fabíola Ortiz
Especial para o UOL Notícias
No Rio de Janeiro
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/02/23/fbi-treina-policia-militar-no-rio-de-janeiro-para-prevenir-mortes-de-policiais.jhtm.
Cerca de 150 policiais militares do Rio de Janeiro receberão treinamento entre hoje (23) e quarta-feira de agentes do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal norte-americana. A intenção é reduzir o número de mortes de PMs no Estado, que ainda apresenta uma média alarmante: 124 mortes por ano.
Durante os dois dias do curso de Prevenção a Lesão e Morte de Policiais em Serviço, na Academia de Polícia Militar D. João 6º, sete agentes do FBI compartilham informações e experiências de segurança com os comandantes dos batalhões do Rio. Esta é a primeira vez que ocorre no Brasil um curso neste formato, que pretende mapear e traçar estratégias para reduzir o índice de mortes de agentes de segurança. O treinamento foi elaborado a partir de um pedido feito pela PM do Rio.
“A palavra é prevenção. Existem muitas mortes e muitas lesões de policiais. Nós temos estes problemas no nosso país e queremos trazer ao Brasil para ajudar, especialmente no Rio de Janeiro. Este é um problema que enfrentamos no mundo inteiro, a morte e o ferimento de policiais. Temos que achar meios de educar, prevenir, investir para que isso não aconteça ou que seja menos recorrente”, explicou o adido policial do FBI no Brasil, David Brassanini.
Segundo ele, será feito inicialmente um mapeamento a partir das estatísticas e, em seguida, a polícia norte-americana ajudará a construir estratégias para a realidade brasileira junto com os comandantes dos batalhões.
“Queremos conciliar tanto a nossa experiência com as da polícia do Rio. Nós também temos crime organizado e tráfico de drogas e é bom saber como eles fazem aqui. O proveito será mútuo, uma via de mão dupla”, disse Brassanini ao defender o uso progressivo da força como uma forma de prevenir e evitar o confronto direto de policiais com criminosos.
De acordo com ele, o número de policiais do FBI mortos nos Estados Unidos está em decréscimo desde que começou a ser implantado, em 1982, um mapeamento de vitimização e, em seguida, táticas para reduzir os incidentes. Em 2010, de um total de 37 mil agentes, apenas 45 policiais do FBI morreram em confronto e outros 65 morreram por outros acidentes em serviço.
Já no Rio de Janeiro, os números são alarmantes, admite o porta-voz da Polícia Militar, coronel Lima Castro. “Os números ainda são muito altos se compararmos a situação do Rio às outras polícias do mundo. Nós sempre passamos recomendações para os policiais, mas a maioria dos PMs morre na folga, vítimas de roubo”, disse.
A média de policiais militares mortos em serviço por mês é de 24, mas com aqueles que estão de folga a média sobe para 100. Segundo dados oficiais, desde 1995 já morreram 459 PMs em serviços e outros 1.843 de folga. Só neste ano, 13 PMs foram mortos em período de folga. Em 2010, o total contabilizou 128 policiais militares mortos, sendo que 107 estavam fora de atividades.
“A realidade americana é uma e a do Rio de Janeiro é outra. Os americanos não tem áreas onde o território é ocupado por narcotraficantes, eles não se deparam com armas de guerra”, comparou Lima Castro à realidade dos EUA.
Cooperação
Este treinamento faz parte de um acordo de cooperação entre Brasil e EUA, assinado com o FBI e as polícias brasileiras em áreas como de combate a crimes financeiros e ao tráfico de drogas. No âmbito deste acordo, o FBI vai ajudar a implantar um Centro de Comando Virtual (VCC, na sigla em inglês) no Rio, que atuará como um banco de registro de informações na internet que podem ser acessadas e atualizadas em tempo real.
Segundo Brassanini, será uma forma de conectar os diversos órgãos de segurança –Polícia Civil, Militar, Federal, Polícia Rodoviária Federal e Guarda Municipal– e facilitar o monitoramento de casos e evitar ocorrências nos grandes eventos que ocorrerão no Rio de Janeiro.
“Queremos ajudar o Estado do Rio na composição do Centro de Comando Virtual com inteligência para os Jogos Olímpicos, Copa do Mundo e G20, por exemplo. A ideia é usar permanentemente. Já usamos na Copa da África do Sul, na Alemanha e nas Olimpíadas na China. Aqui no Rio vai incluir também eventos como Réveillon e Carnaval”, explicou Brassanini.
Já em funcionamento há 15 anos nos EUA, o VCC é um cadastro virtual com uma área segura onde os policiais podem coletar as ocorrências e disseminar a informação imediatamente para os agentes in loco. Um primeiro teste foi feito em novembro de 2010 numa partida entre o Fluminense e o Vasco da Gama, no estádio do Engenhão.
Segundo explicou o porta-voz da PM do Rio, na ocasião havia uma central com informações e monitoramento com câmeras no estádio. “Foi feito um acompanhamento de toda a rotina do estádio e toda a informação era passada por rádio ou computador e ficava acumulada num centro de dados”, afirmou Lima Castro. O próximo desafio será implantar no Carnaval neste ano no Rio de Janeiro.
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